Simpósio organizado pela Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso discutiu o etarismo, que é o preconceito contra uma pessoa apenas por causa da idade avançada. Os debates aconteceram na tarde de quinta-feira (22), no auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa.
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“A discriminação pela idade impacta a vida do idoso, dia desses alguns alunos de uma faculdade caçoaram e riram de uma colega de classe porque estava velha fazendo faculdade com 40 anos. Os idosos sofrem preconceitos em meio às limitações do mercado de trabalho e dos locais que frequentam. Ele quer ocupar um cargo e lhe é negado por causa da idade, ou deixa de ser útil para uma função e é trocado por alguém com menor idade”, exemplificou Patrícia Klein, gerontóloga.
Klein destacou que comentários corriqueiros como “é velho, está esquecido”, “não pode usar esta roupa” ferem a pessoa idosa, levando-a à solidão e à depressão.
“O idoso pensa ‘poxa estou ficando velho’, ‘estou ficando lento’, ‘não consigo acompanhar meu filho’ e geralmente se isolam mais, veem que a vida é uma limitação para eles. O etarismo deixa o idoso deprimido, por isso a igreja é importante, a religião faz com que o idoso fique ativo e produtivo, ele não vai ter depressão, acha que Deus está no comando da vida dele”, ponderou a gerontóloga.
Para mitigar esses sentimentos negativos, a doutora Klein sugere a convivência com outros idosos, o lazer, o convívio com a família, amigos e encontros de finais de semana para aumentar a socialização.
“Precisam muito mais que uma conversa, precisam estar inseridos nas nossas vidas”, ensinou Klein, que enfatizou a importância de se orientar a família. “Filho bem orientado é idoso bem cuidado, com vida digna e o respeito preservado”.
Já a doutora Márcia Braga, geriatra, garantiu que todos fomos ou somos etaristas em algum grau, apesar do mal que o etarismo causa no relacionamento entre as gerações.
“O etarismo faz mal a cada um de nós, a começar pela saúde mental. Precisamos em primeiro lugar reconhecer que todos nós em algum momento da nossa vida fomos etaristas, é assim desde que o mundo é mundo e só agora as pessoas estão se dando conta de que o etarismo é horrível”, esclareceu a geriatra.
Márcia contou sua experiência com o etarismo e demonstrou como é difícil superar o preconceito contra a idade.
“Era um etarismo velado, encontrava uma pessoa no consultório e ela dizia a idade e eu dizia ‘nossa, 88 anos, imaginava que você tinha 75’. Gente, não façamos isso nunca mais, digamos ‘como você está linda aos 88 anos’, nunca minimizem a idade do outro, isso leva à constatação de que é desagradável chegar lá. Por isso o etarismo está dentro de nós, fomos educados assim”, reforçou.
A geriatra defendeu que a velhice é um processo sem data marcada para começar e diferente para cada indivíduo que o experimenta.
“Quando a velhice começa? Eu proponho as velhices, já que a minha é diferente da sua, é uma bagagem que ninguém tem igual, seja bagagem cultural, afetiva, biológica, social e econômica. E ainda tem as minhas escolhas, o que eu vivo hoje é resultado do passado e hoje estou construindo o futuro. Envelhecer é um processo pessoal individualíssimo e intransferível”, ensinou Márcia, acrescentando que os estudos mostram que quanto mais vivemos, mais inteligentes nos tornamos.
Para o deputado Sérgio Motta (Republicanos), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso, falta amor, por isso tanta violência física, psicológica, financeira, institucional, sexual, medicamentosa contra os idosos.
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“Se as pessoas se amassem nem teríamos essa palavra etarismo, que é o preconceito contra a idade, mas a denúncia de abandono de idosos cresceu 855% em 2023 segundo o Ministério dos Direitos Humanos. Visitei muitas casas acolhedoras de idosos e pude ouvir muito lamento, o abandono dos familiares que nem os visitam mais”, registrou o deputado.
Evento concorrido
Além das dezenas de idosos que quase lotaram o auditório Antonieta de Barros, o simpósio contou com a presença do deputado Mário Motta (PSD), vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso; do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto; Claudinei Marques, vereador de Florianópolis; e Araújo Gomes, secretário de Segurança de Florianópolis.
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Também prestigiaram o simpósio membros do Conselho Estadual do Idoso, de conselhos municipais de Tubarão, Penha, Gravatal, Florianópolis, Palhoça, Araranguá e Balneário Camboriú.
Vitor Santos | Agência AL
Fotos: Vicente Schmitt / Agência AL